O mal do conhecimento raso!

Olá companheiro

Hoje, em vez de compartilhar uma dica de pesca, gostaria de contar uma história que ouvi recentemente e que acho que tem tudo a ver com a pesca.

Era uma vez uma tribo de indígenas que vivia de maneira simples, sem qualquer contato com o mundo "civilizado". Um dia, uma equipe de exploradores apareceu e levou um dos indígenas para passar uma semana na cidade. Ao retornar, o indígena relatou como ficou impressionado com tudo o que viu na cidade, desde os carros até as camas confortáveis.

Ao fim de uma semana os exploradores voltaram à floresta para deixar o indígena, mas disseram que iriam voltar dentro de alguns dias e que lhe dariam a oportunidade de passar mais uma semana com eles na cidade.

Nesses dias a tribo juntou alguns presentes para o seu amigo levar para os homens da cidade e assim foi, os exploradores voltaram para vir buscar o indígena e receberam alguns presentes, frutas, colares e algumas bugigangas e partiram felizes levando o indígena com eles.


Depois de uma semana o indígena volta para a sua tribo e diz aos seu amigos que os Homens da cidade tinham ficado muito gratos com os presentes e que resolveram retribuir.

Deram-lhe a oportunidade de escolher o que ele mais quisesse que eles iam oferecer, fosse o que fosse.
Neste momento já toda a tribo estava súper curiosa para saber o que ele tinha trazido da cidade.
Então o indígena diz:
Lá na cidade eu vi coisas que vocês nunca vão conseguir sequer imaginar, eles têm tudo do bom e do melhor sem esforço algum, mas a coisa que mais me impressionou, foi o que eu trouxe para a nossa tribo, foi uma torneira!!

Isto foi a melhor coisa que encontrei na cidade, vamos colocar isto na parede da nossa comunidade e ela vai deitar agua límpida e fresca.

Na vida dos indígenas encontrar agua e trazer para a família nem sempre é um tarefa fácil e na maioria das vezes a agua nem era assim tão transparente.
É natural que uma torneira fosse a coisa mais incrível que ele encontrou na cidade, pois afinal de contas é só chegar à torneira e rodar um pouco que sai agua limpa.  

Muito entusiasmado, enquanto toda a tribo o olhava colocou a torneira na parede de barro e abriu-a na esperança de sair agua fresca, claro que não saiu nada, voltou a tirar a torneira e tentou coloca-la em outras paredes, mas a verdade é que a torneira nunca deitou uma pinga de agua.
Até que acabaram por chegar à conclusão de que tinham sido enganados, aquela torneira estava estragada.

Esta historia reflete perfeitamente o que a grande maioria dos pescadores procuram quando perguntam qual é o melhor isco? Ou, qual é o melhor pesqueiro?
Estão á procura de "torneiras"  conhecimento superficial que não vai trazer resultado algum.

É normal, não tem mal algum, eu já fiz o mesmo e continuo a fazer em muitas áreas em que não tenho um conhecimento tão profundo.
É o chamado efeito Duninng-Kruger  "quanto menos uma pessoa sabe, mais ela acha que sabe"

Esta estranha observação ganhou este nome em 1999 em homenagem a dois professores de psicologia americanos, David Dunning e Justin Kruger, que investigaram o fenômeno.

Na pesca no Mar, especialmente na pesca aos Sargos este efeito é muito forte, a grande maioria dos pescadores acredita que sabe muito de pesca, porque viu uma dica ou outra na internet.

Recentemente um Rapaz escreveu para mim a dizer que não percebe porque não apanha peixe, pois faz tudo como vê nos meus vídeos de pesca, no entanto "já foi " à pesca três vezes e ainda não fez nenhuma pescaria de jeito, sim três vezes, ele só foi à pesca três vezes e estranha não conseguir apanhar peixe.

Por outro lado fui contactado por um pescador muito experiente, com muitos anos de pesca a perguntar se fazia sentido para ele fazer o meu curso Segredos de pesca uma vez que pescava á muitos anos, que conhecia os melhores pesqueiros e que às vezes até fazia boas pescarias.
 A minha resposta, foi, compra o curso, tens 7 dias de garantia, se vires que não valeu a pena eu devolvo-te o dinheiro todo, sem problema algum.

O resultado, foi que ficou abismado com o conhecimento que encontrou dentro do curso, confessando depois para mim e para os colegas que agora até se sentia envergonhado por ter acreditado que sabia muito de pesca.

 Estes exemplos mostram como o efeito Duninng-Kruger é forte nesta arte da pesca desportiva.

 A ideia de que todos nós podemos nos superestimar é assustadora, e podes estar a pensar agora: “Será que na verdade eu sou burro em tudo o que me acho bom?” 
Claro que não, mas Dunning e Kruger têm um conselho para todos: ouvir sempre feedbacks e reconhecer erros é essencial. Superestimar o próprio conhecimento, é normal para todos – a verdadeira ignorância é insistir no erro.

Abraço MM